A Associação Wyty Catë

O processo de intenso intercâmbio cultural entre os Timbira se constitui na peça fundamental para o início da organização Timbira. Estes povos partilham uma mesma língua – com variações dialetais – e um mesmo sistema sociocultural. A partir da discussão com os Krahô sobre seu futuro e condições de sobrevivência e a ampliação dessa discussão para as outras aldeias Timbira, surgiu a necessidade da criação de uma organização que refletisse de alguma forma a diversidade dos grupos envolvidos nos processos reivindicatórios naquela região, na verdade uma macro área pan-Timbira, com intenso trânsito e intercâmbio cultural inter-aldeias. A Associação Wyty Catë das Comunidades Timbira do Maranhão e Tocantins foi criada englobando, inicialmente, 10 aldeias pertencentes a cinco povos Timbira: Krahô e Apinajé no Tocantins; Krikati, Gavião-Pykobjê e Canela-Apãnjekra no Maranhão.

Em 1994 a Associação foi fundada, mas só registrada oficialmente em cartório em abril de 1996, congregando 14 aldeias: Aldeia Nova, Cachoeira, Bacuri e Rio Vermelho (Krahô); São José, Patizal, Buriti Cumprido e Cocalinho, Prata e Palmeira (Apinajé); São José e Raiz (Krikati); Governador, Rubeácea e Riachinho (Gavião-Pukobyê) e Porquinhos (Canela-Apaniekrá). Em processo de vinculação se encontra a aldeia Escalvado dos Canela-Ramkokamekra.

A Associação possui sede própria em Carolina MA. E seu organograma é composto por diretoria (presidente, vice-presidente, secretário e tesoureiro) e coordenação técnica (saúde, meio ambiente, produção, educação, cultura e políticas públicas), sendo que as tomadas de decisões são remetidas aos caciques, únicos sócios com direito a voto e veto.

Sua pauta política tem uma trajetória de ações importantes na área de Educação, organizoucursos de capacitação de professores indígenas, formando a Comissão de Professores Timbira (CPT) e implementou uma escola diferenciada, a Escola Timbira. Na Saúde, discute e articula com os órgãos de saúde indígena a criação do DSEI Timbira, Distrito Sanitário Especial Indígena, no sentido de propor soluções conjuntas e políticas públicas uniformizadas, e sensíveis às variações locais, que irão contribuir para uma efetiva melhoria da situação de atenção à saúde. E na busca por um outro modelo de desenvolvimento regional é proprietária, em sociedade com o Centro de Trabalho Indigenista, da Agroindústria FrutaSã Comércio e Exportação Ltda, que processa e comercializa polpas de frutas do cerrado fornecidas por agroextrativistas do entorno das TIs.

A Wyty Catë é uma organização relativamente nova e passou por um intenso processo de amadurecimento durante a gestão de um projeto financiado pelo PDA-PPG7 nos anos de 1998 a 2001. Participou da gerência e execução de um projeto do PNUD (fava d`anta e outros produtos extrativistas); participou da elaboração e execução, em andamento, do projeto “Frutos do Cerrado” (manejo e preservação da biodiversidade do cerrado, desenvolvimento sustentável a partir do aproveitamento dos recursos naturais, geração de renda e fortalecimento das organizações envolvidas), recebendo recursos de diversas fontes.

Desde sua fundação, a Wyty Catë organizou e realizou 15 Assembléias Gerais e vem executando o mapeamento de problemas e de alternativas econômicas nas 17 aldeias associadas. Tem recebido apoio da SCA/CEX/MMA (Secretaria de Coordenação da Amazônia/Coordenadoria de Agroextrativismo do Ministério do Meio Ambiente) para atividades de manejo nas áreas indígenas e beneficiamento das frutas na fábrica FrutaSã.

A Associação Wyty Catë representa os povos Timbira na relação com as instituições da sociedade nacional, visando influenciar política públicas em saúde, educação, conservação ambiental e outras áreas, de modo a garantir as práticas sócio-culturais diferenciadas e a integridade de seus territórios. Nesse sentido, tem conquistado cada vez mais espaço.